Segurança não é tudo l As necessidades dos que retornam à Síria                                         

sirios

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À medida que as forças do Estado Islâmico estão sendo expulsas e mais áreas estão sendo declaradas ‘livres’, sírios começam a retornar para suas casas. De acordo com o ACNUR, aproximadamente meio milhão de pessoas já retornaram desde Janeiro.

Aproximadamente 440 mil pessoas deslocadas internamente, e mais outros 31 mil refugiados que foram para países vizinhos, retornaram – a maioria para as cidades de Aleppo, Hama, Homs e Damasco –  com o objetivo de ” verificar suas propriedades ou para obter informações sobre membros da família”, disse o porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic.  Segundo ele, à medida que as pessoas consideram que a situação da segurança na Síria está melhorando, elas regressam. No entanto, ele acrescentou que as condições para que os refugiados retornem em segurança e dignidade “ainda não existem no local”.

Estima-se que 6,3 milhões de pessoas permanecem deslocadas internamente em toda a Síria após mais de seis anos de guerra, enquanto outros 5 milhões ainda são refugiados em países vizinhos. De acordo com um relatório sobre tendências migratórias mais amplas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a Síria também é responsável pela maioria das requisições de asilo em 2016, seguido por Afeganistão e Iraque. O número de pessoas que fugiram da guerra em 2016 mostrou uma ligeira diminuição em relação ao ano anterior, enquanto os pedidos de asilo continuaram a cair nos primeiros meses deste ano.

De acordo com um relatório publicado no início deste ano por um trio de instituições de caridade cristãs, cerca da metade dos estimados 2 milhões de cristãos sírios até 2016 se deslocaram devido a um “acúmulo de fatores ao longo do tempo”. A chegada do ISIS foi apenas o “ponto alto” para a decisão final de sair do país.

O relatório também observou que, para os cristãos que se estabeleceram em outros lugares, houve “pouco incentivo” para retornar, com vários entrevistados dizendo que “o Oriente Médio não é mais um lar para os cristãos”.

Para os sírios que querem retornar para casa, portanto, exige-se mais do que apenas segurança do exército ou de outros grupos militantes em relação ao ISIS. Por esse motivo, um documento de política divulgado ao lado do relatório sugeriu o estabelecimento de um “mecanismo nacional de responsabilização” para lidar com incidentes de perseguição e discriminação religiosa e étnica no Iraque e na Síria, visando “restaurar a fé em um sistema que garanta que todas as comunidades religiosas e étnicas sejam afirmadas Como cidadãos iguais e merecedores de proteção, ao mesmo tempo que impedem atores negativos de tomarem ações adversas contra essas comunidades”.

Para a maioria daqueles que escolhem retornar, eles encontram suas casas gravemente danificadas e a infra-estrutura local destruída. Nesreen*, por exemplo, retornou com sua família para se estabelecer em Maaloula, a 50 km ao norte de Damasco. Ela recebeu ajuda da entidade de caridade cristã, Open Doors, para reconstruir sua casa e participou de um projeto gerador de renda, onde aprendeu a fazer roupas e outros produtos que ela poderia vender.

Segundo um coordenador do projeto, “a distribuição de alimentos e remédios é boa, mas, a longo prazo, não é nossa intervenção central como Open Doors. Estamos lá para apoiar, acompanhar as igrejas que podem ajudar a reintegrar as pessoas de volta à sociedade. As igrejas não têm que fornecer empregos, mas podem defender os direitos dos cristãos. Os cristãos precisam fazer parte da construção de uma nova sociedade na Síria.”

* Nome fictício por questões de segurança 
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Com informações do World Watch Monitor
Por: Redação l ANAJURE

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