Pastor é morto e duas igrejas são destruídas em nova onda de violência na República Centro-Africana

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Centenas de pessoas desabrigadas internamente, abaladas pela nova onda de violência, retornaram ao campo de refugiado ao aeroporto de Bangui M’Poko, onde procuraram refúgio quando a violência começou pela primeira vez em 2013.

Um surto de violência em Bangui, capital da República Centro-Africana, em 07 de fevereiro, deixou um pastor morto e sua igreja demolida. De acordo com a ONU, pelo menos três pessoas foram mortas e 26 ficaram feridas, incluindo civis e combatentes. Enquanto isso, vários focos de lutas internas entre facções muçulmanas têm feito com que milhares de cristãos deixem suas casas no norte do país.

O pastor Jean-Paul Sankagui da “Eglise du Christ en Centrafrique (ECC)” (‘Igreja de Cristo na África Central’) foi morto por apoiadores do líder da milícia local, Youssouf Sy (também chamado de “Big man” – homem grande em inglês)  em sua casa no bairro PK5, seguindo uma operação militar ali pelo exército do país e forças de manutenção de paz da ONU.
O objetivo declarado da operação era interrogar Sy, mas ele foi morto junto a um associado. O presidente da ECC, Jean Noel Ndanguere, disse ao WWM que em retaliação, apoiadores de Sy começaram a ferir e matar pessoas e destruir suas propriedades. A igreja de Sankagui foi incendiada, assim como a igreja apostólica e a de São Matheus.
Algumas semanas antes, na noite de 14 de janeiro, uma tenda montada como um local temporário de adoração pela União Batista de igrejas também foi incendiada. Essa tenda já havia sido montada quando o prédio anterior da igreja havia sido incendiado em 2014.
Duas vezes na semana passada, indivíduos armados também entraram no hospital local com o objetivo de matar pacientes. Um oficial sênior da ONU condenou os ataques.
PK5 é parte do terceiro distrito em Bangui e o último bairro predominantemente muçulmano restante. De acordo com um pastor local, muçulmanos disseram que aos cristãos não seria permitido ter um local de reunião na área até que os muçulmanos retornassem e reabrissem suas mesquitas.
Retorno ao campo de pessoas desabrigadas recém-desocupadas
Centenas de pessoas desabrigadas internamente, abaladas pela nova onda de violência, retornaram ao campo de refugiado ao aeroporto de Bangui M’Poko, onde procuraram refúgio quando a violência começou pela primeira vez em 2013. Desde dezembro do ano passado, as pessoas começaram a voltar para suas casas aos poucos.
“O incidente aconteceu seguindo uma operação militar. Os militares começaram a atirar. Eles queimaram casas. Esses homens armados devem ser desarmados”, um desabrigado disse à mídia local, sob condição de anonimato.
Enquanto o exército, com o apoio de 10.000 mantenedores de paz da ONU, conseguiu ajudar a estabilizar a situação na capital, em áreas mais rurais grupos rebeldes estão fazendo a população de refém. Somente alguns dias antes do incidente em Bangui, até 9.000 pessoas, muitas delas cristãs, foram forçadas a sair de suas casas após uma luta interna de rebeldes em Bocaranga – parte da província de Ouham Pende.
A ONU relatou que pessoas fugiram para arbustos após a violência ter eclodido entre grupos armados sem nome. Complexos de ONGs internacionais foram atacados e pilhados e pelo menos um escritório foi incendiado. Lojas e mercados foram “sistematicamente pilhados”, assim como uma igreja, disse a ONU.
Em 02 de fevereiro, choques entre duas facções Séléka por uma mina de ouro perto de Bambari causaram novos desabrigados, aumentando os números e piorando as já difíceis condições nos campos de desabrigados lá.

Pano de Fundo

A República Centro-Africana está atualmente passando uma transição internacionalmente supervisionada. Ano passado, Faustin-Archange Touadera venceu as eleições presidenciais, o último primeiro-ministro sob o antigo presidente François Bozizé, que foi deposto em um golpe por uma coalizão de grupos rebeldes dominados por muçulmanos, liderado por Michel Djotodia sob a bandeira Séléka.

Foi o começo de uma Guerra civil que partiu o país entre populações muçulmanas e cristãs; vigilantes anti-Balaka continuam a dominar o sul e o oeste, enquanto que os Séléka, junto à etnia Fulani e outras, dominam o norte e o leste.

De acordo com um relatório da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, a maior parte da briga aconteceu pelo controle de terras e recursos.

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Fonte: World Watch Monitor
Tradução: Camilly Regueira l ANAJURE

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