EGITO: Crise política coincide com as mais altas restrições governamentais à religião e alta intolerância

Egito

                                                                             © Robert Marien/Corbis/AP Images

Pew Research fornece o contexto da atual crise no Egito, que nos últimos dias viu ser deposto pelos militares o Presidente Mohammed Morsi, Islâmico e primeiro presidente democraticamente eleito na história do país. Após a retirada, os militares enviaram tropas, já que dezenas de pessoas foram mortas e outras, feridas, nos protestos de sexta-feira no Egito.

Morsi está preso com outros companheiros de Irmandade Muçulmana, e foi substituído na quinta-feira por Adly Mansour – presidente da Corte Constitucional do Egito – que prometeu realizar eleições logo, mas não determinou data.

Dois recentes relatórios da Pew Research fornecem o contexto para estes acontecimentos no Egito. Primeiro, na mais recente análise dos pesquisadores da Pew, Neha Sahgal e Brian Grim, eles perceberam que no ano seguinte à Primavera Árabe, o Egito foi palco das mais intensas restrições governamentais à religião. Além disso, eles notaram que as restrições do governo são também acompanhadas de um público Muçulmano que é consideravelmente menos tolerante ao pluralismo religioso que Muçulmanos em outros lugares.

Sahgal e Grim relataram que a pesquisa de opinião pública que a Pew Research conduziu no Egito durante um período de tempo similar (novembro-dezembro de 2011) mostra que muitos Muçulmanos Egípcios reconhecem a falta de liberdade religiosa na sua sociedade. Quando perguntados se eram muito livres, razoavelmente livres, pouco livres, ou não eram livres para praticar sua religião, pouco menos da metade dos Muçulmanos Egípcios (46%) responderam “muito livres”. Menos ainda pensam que 'não Muçulmanos' no Egito são muito livres para praticar sua fé (31%). Em contraste, uma média de 78% dos Muçulmanos em 39 países pesquisados na Europa, Oriente Médio, África e Ásia, disseram que são muito livres para praticar sua religião e 73% disseram que 'não Muçulmanos' no seu país são livres para praticar sua fé.

Numa análise separada, o Weekly Number notou que o Egito foi um dos dois países onde Muçulmanos expressaram em menores números que outros estavam bastante livres para praticar sua fé: Egito(31%) e Uzbequistão (26%).

No geral, um em cada cinco Muçulmanos no Egito (18%) descreveram 'não Muçulmanos' como não muito livres ou sem liberdade para praticar sua religião, de acordo com a análise de Sahgal e Grim. Entretanto, os Muçulmanos Egípcios não estão necessariamente perturbados com a notória falta de liberdade religiosa: dois terços dos que disseram que os 'não Muçulmanos' no Egito não são tão livres, ou não são livres para praticar sua fé dizem que isto é uma coisa boa.

Sahgal e Grim também relataram que, de acordo com o público Muçulmano pesquisado ao redor do mundo, a maioria dos Muçulmanos Egípcios (74%) querem a sharia, ou Lei Islâmica, consagrada como a lei oficial da terra. No entanto, o Egito é um dos poucos países onde a maioria dos apoiadores da sharia(74%) dizem que ambos, Muçulmanos ou não Muçulmanos, em seu país devem ser sujeitos à Lei Islâmica. Mundialmente, uma média de 39% dos Muçulmanos que são a favor da aplicação da Lei Islâmica dizem que a sharia deve se aplicar tanto a Muçulmanos quanto aos não Muçulmanos. 

Os Muçulmanos Egípcios também querem a volta da criminalização da apostasia, ou do deixar o Islã por outra religião, de acordo com a análise de Sahgal e Grim. A maioria dos Muçulmanos no Egito (88%) dizem que quem converter-se fora do Islã deve ser punido com a morte. Entre os 37 países onde a pergunta foi feita, uma média de 28% dos Muçulmanos disseram que apóstatas deveriam ser sujeitos à pena de morte.

tabela egito

Índice de restrições governamentais de 2011 numa escala de 0 (mais baixas) a 10 (mais altas).
Fonte: Contribuições da Primavera Árabe às Restrições  Globais à Religião, junho de 2013.
PEW RESEARCH CENTER


E de acordo com uma análise publicada no último mês pela Pew Research Cente, foram encontradas restrições governamentais à religião no Egito em 2011, incluindo o uso de força contra grupos religiosos; falha em evitar discriminação religiosa; favoritismo do Islã sobre outras religiões; proibições aos Muçulmanos de se converterem a outras religiões; estigmatização de alguns grupos religiosos como seitas e cultos perigosos; e restrições à literatura e transmissões religiosas. Não só cada uma destas restrições governamentais estava presente no Egito, mas a intensidade delas foi maior que nos outros países.

Aquelas ações deram ao Egito uma marca geral de 8,9 (numa escala de 0 a 10) no Índice de Restrições Governamentais de 2011 – uma escala desenvolvida pela Pew Research para medir as restrições governamentais em aproximadamente 200 países e territórios com o passar do tempo. Isto é muito mais alto que países do Norte da África e do Oriente Médio como um todo, onde o índice médio (incluindo o do Egito) é 5,9.

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FONTE: THE WEEKLY NUMBER
TRADUÇÃO: JORGE ALBERTO

 

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