IRÃ – Prisão de Cristãos leva organizações internacionais a mobilizar campanha em favor da Liberdade Religiosa no país

mec_logo

As prisões e condenações de 13 cristãos iranianos no último ano têm gerado grandes preocupações acerca da liberdade religiosa em várias partes do mundo e no próprio Irã. Somente no mês passado, mais três pessoas foram arrastadas para a prisão de Adel-Abad, em Shiraz, e levados à prisão sob várias acusações, incluindo agir contra a segurança nacional, pertencer a uma organização cristã, e fazer propaganda contra o regime islâmico ajudando na propagação do cristianismo no país.

Os iranianos Mohammad Roghangir e Suroush Saraie foram presos no dia 5 de julho, em Bandar Azali, no Norte do Irã. Eles foram levados para cumprir sentenças proferidas em julho de 2013. Na mesma data, o líder cristão Seyed Abdolreza Ali Haghnegad também foi preso quando autoridades invadiram a sua casa em Rasht e confiscaram alguns materiais cristãos, incluindo Bíblias.

A organização Midle East Concern recolheu todas as informações possíveis e ligadas aos casos e as enviou para vários líderes, políticos e organizações de Direitos Humanos para que estas pudessem colaborar com a campanha em favor dos cristãos que tiveram sua Liberdade Religiosa violada. Entre os presos e condenados ainda existe quatro irmãos que aguardam a convocação para cumprir a pena (Massoud Rezai, Mehdi Ameruni, Seyed Bijan Farokhpour Haghigi e Eskandar Rezai).

Um dos líderes da Midle East Concern, Kim Yeap, informou que os maus-tratos e detenção destes homens por sua crença é uma violação da lei internacional dos direitos humanos, incluindo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, do qual o Irã é um Estado Participante. “Respeitosamente, peço intervenção nestes casos para garantir que os direitos humanos básicos dos cidadãos iranianos sejam respeitados. Se eles estão detidos unicamente pelo exercício pacífico das suas convicções religiosas, apelo pelas libertações imediatas, e os que ainda não começaram a pagar a sua sentença, eu, respeitosamente, peço intervenção para que a prisão seja impedida”, solicita Yeap.

A ANAJURE está apoiando a campanha e busca atenção de líderes brasileiros para que estes também possam contribuir e pressionar as autoridades iranianas em favor da liberdade religiosa no Irã. Ainda esta semana, ofícios serão enviados para a embaixada do Irã no Brasil informando os casos e pedindo intervenção.

Entre os presos, nove cristãos foram condenados e já cumprem sentenças nas prisões iranianas, onde sofrem abusos, agressões e constantes pressões psicológicas para que neguem a fé (Farshid Fathi Malayeri, Alireza Sayyedian, Saeed Abedini, Maryam Naghash Zargaran, Behnam Irani; Amin Khaki, Seyed Ali Abdolreza Haghnegad, Mohammad (Vahid) Roghangir e Suroush Saraie).

 

Casos detalhados:

Maryam Naghash Zargaran – Uma cristã de 35 anos que deixou o Islã foi colocada na ala feminina da famosa Prisão de Evin em 15 de julho de 2013.

Naghash Zargaran teve a sua primeira prisão em janeiro de 2013 por agir “contra a segurança nacional”. Ela foi chamada pelo serviço de segurança e detida por três dias, em seguida foi transferida para a Prisão de Evin, onde ficou detida por 19 dias e logo foi liberada sob fiança. Mais tarde, ela foi chamada para julgamento no Tribunal Revolucionário do Teerã, onde o juiz Mohammad Moghiseh a sentenciou a quatro anos de prisão por "propagação contra o regime islâmico e contribuição para minar a segurança nacional". Ela recorreu da decisão, mas o tribunal de apelações confirmou a sentença.

Na sentenca, o juiz afirmou que “o tribunal considera suas ações como apoio às intenções “anti-segurança” de Israel e Inglaterra de espalhar igrejas domésticas no Irã para desviar a sociedade da verdade”. A sentença foi proferida com base nos artigos 46 e 610 do código penal islâmico.

Naghash Zargaran rejeitou as acusações pois ela havia se envolvido no trabalho em um orfanato conduzido por Saeed Abedini, que também foi preso e condenado a oito anos de prisão. Esta associação foi o gatilho para sua prisão (embora isso não seja reconhecido formalmente).

Ela foi transferida para o hospital de Modares em 29 de setembro para receber atendimento, devido a uma doença cardíaca, mas após ser submetida a uma cirurgia e logo sofrer pressões na prisão sofreu um infarto e foi transferida para o hospital. As péssimas condições prisionais levam Maryam a sofrer de depressão.

Saeed Abedini – Cidadão norte americano de descendência iraniana, converteu-se do islã para o cristianismo. Com 34 anos, é casado e pai de duas crianças. Ele foi detido em 28  julho de 2013 quando voltou para visitar Teerã. Abedini viajava com frequência ao Irã para visitar a família, e no verão de 2012 teve seu ônibus parado na fronteira Irã-Turquia (quando vinha de uma viagem da Geórgia e Turquia e voltava para o Irã para pegar o Vôo de retorno para os EUA). Ele foi escoltado para fora do ônibus e teve seus passaportes levados. As primeiras 24 horas foram de interrogação, mas depois ele foi liberado e orientado a permanecer na casa dos seus pais e aguardar uma nova convocação.

Em várias ocasiões Abedini foi convocado para depor, mas ao chegar ao local indicado a audiência era cancelada. Em 26 de setembro do mesmo ano, ele recebeu uma ligação convocando-o a comparecer ao interrogatório, e enquanto isto, policiais invadiram a sua residência e confiscaram muitos pertences, o levando em seguida para a prisão de Evin, onde ficou em uma cela solitária por quatro semanas até ser colocado em uma cela comum.

Em janeiro de 2013, Abedini teve a primeira audiência e a acusação principal que pesava contra ele era a de minar o sistema do governo através do movimento de Igrejas Domésticas em 2000. O promotor estava conectando-o com o ocidente e afirmou que os EUA tinham enviado Abedini para evangelizar e enganar a juventude do Irã como forma de minar o governo. Também havia a acusação de que ele convertia e batizava outros muçulmanos convertidos e realizava conferências e treinamento de liderança (práticas que ele havia deixado em 2009).

O juiz proferiu a sentença de oito anos contra Saeed, e em agosto de 2013 a sentença foi confirmada pelo tribunal de Apelações. Em novembro do mesmo ano, Abedini foi transferido para a prisão de Rajai Shahr, um centro de detenção na cidade de Karaj destinado a casos de crimes graves e famosos por dispor de péssimas condições. Por várias vezes ele sofreu agressões e torturas por parte de funcionários do governo e companheiros de prisão, chegando a exigir atendimento médico para sua hemorragia interna, atendimento este que lhe foi negado por várias vezes. 

Em março deste ano, Abedini foi internado em um hospital onde recebeu atendimento médico e pôde ser alimentado por sua família, mas logo em seguida foi retirado violentamente do hospital e espancado com choque elétrico (a suspeita é que o atendimento tenha sido concedido apenas pela visita de um dos membros da ONU ao país) e em seguida devolvido à prisão. Sua esposa busca ajuda dos líderes americanos para revogar a decisão do tribunal no Irã e libertação de Abedini através de campanhas na internet.

Estes tipos de maus-tratos têm seguido cristãos dentro das prisões do Irã nas últimas semanas.

 

Detenções anteriores:

Farshid Fathi Malayeri – Pastor Cristão convertido do islã de 35 anos, casado e com dois filhos.

Farshid Fathi Malayer está preso em Evin, no Teerã, desde o mês dezembro de 2010 pelas suas atividades cristãs no país. Ele foi arrastado de sua casa por agentes do Setor de Inteligência e Segurança do Irã junto com pelo menos outros 22 outros cristãos, e atualmente se encontra em uma sessão para presos políticos, onde tem sido submetido a períodos de confinamento solitário, intenso interrogatório e sem comunicação com familiares.

Seu primeiro julgamento ocorreu 14 meses após a prisão e ele recebeu uma sentença de seis anos sob a acusação de agir contra a segurança nacional e cooperar com organizações estrangeiras de evangelismos. Em maio de 2012 foi realizada uma audiência de apelação e o resultado saiu um mês depois com veredito que mantinha a sentença original.

Todas as sentenças foram proferidas verbalmente e os tribunais não forneceram quaisquer documentos que confirmassem a decisão. Malayer sofreu pressão psicológicas na prisão. O fizeram acreditar que ele ia sair da prisão, o mandaram recolher seus pertences e o conduziram até o portão onde ele podia ver outros presos saindo, mas logo em seguida o puxaram de volta. Ele afirmou que, em 2013, informaram que sua esposa estava presa e que seu pai havia sofrido um ataque cardíaco, e todas as informações eram falsas, apenas com objetivo de pressionar psicologicamente.

Em abril deste ano, um grupo de guardas revolucionários atacaram alguns prisioneiros da Prisão de Evin e Fathi Malayeri estava no grupo. Ele teve o pé quebrado e por três dias lhe foi negado atendimento médico. O caso exigia operação e mais tempo de tratamento, porém ele não conseguiu permissão para voltar ao hospital, apesar do conselho médico e de inúmeros pedidos a várias autoridades.

Alireza Sayyedian –  Cristão convertido do islã, de 38 anos

Sayyedian foi detido em novembro de 2011 e condenado sob a acusações de "propaganda contra o regime" e "agir contra a segurança nacional". Ele recebeu a sentença de seis anos de prisão, 90 chicotadas e multa. O juiz afirmou que, ao escolher ser batizado na Turquia, ele expressava falta de liberdade religiosa e propagava contra o regime do país. Sayyedian foi liberto sob fiança de 30 milhões de tomans, cerca de 27 mil dólares, pois estava sendo defendido pelo advogado de direitos humanos Mohammad Dadkhah.

Em março de 2012, ele tentou fugir para a Turquia, enquanto apelava da sentença de prisão e foi pego. Retornou para Teerã e foi colocado na prisão de Evin. Em maio de 2013 foi confirmada a redução da pena para três anos e meio. No início de 2014 foi concedida uma licença temporária de cinco dias de prisão. Sua licença foi estendida devido a sua necessidade de tratamento médico, mas foi devolvido à prisão dentro de 3 semanas. 

Behnam Irani – Cristão convertido do islã e líder de igreja, 45 anos. Casado e pai de três crianças.

Irani foi preso sob acusação de atentar contra a segurança nacional em duas ocasiões. A primeira ocorreu em dezembro de 2006 e novamente em abril de 2010. A base das acusações vieram das atividades de Irani nas igrejas domésticas e de discussões com muçulmanos. Na primeira prisão ele foi liberado em janeiro de 2007. Em fevereiro de 2008, o Tribunal de Apelação do Teerã impôs uma pena de 5 anos.

Em 14 de abril de 2010 agentes de inteligência invadiram um culto, agrediram Irani e o levaram sob custódia. Autoridades de segurança interrogaram os participantes e confiscaram as Bíblias, literaturas cristãs e DVD. Irani ficou na prisão por dois meses e foi liberado sob fiança em junho de 2010 sob uma forte advertência. 

Em janeiro de 2011 ele estava condenado a cumprir um ano e, em maio de 2011, começou a cumprir a pena em confinamento solitário. No mês de outubro ele foi informado que teria que cumprir os cinco anos que foi imposto em 2008. A sentença está sendo cumprida na Prisão de Karaj.

Em dezembro de 2012, foi relatado que Irani estava sofrendo maus-tratos e se queixava de dor intestinal, mas o atendimento médico foi muito limitado. Em 2012, por várias semanas ele não pôde receber visita de sua esposa e relatou sofrer abuso de companheiros na prisão.

Em 2013, o quadro clínico dele se deteriorou e ele teve uma hérnia de disco. O tratamento médico continua a ser inadequado. Foi também relatado que guardas prisionais invadiram a ala em que Irani estava sendo fisicamente assediado por prisioneiros e ameaçaram o colocar em confinamento solitário. Em setembro do mesmo ano, sua família pediu ao Judiciário por sua libertação, e foram informados que só seria possível de ele desmentisse suas crenças cristãs.

Em setembro de 2013, a esposa de Irani, Christina, foi detida por cerca de três horas por autoridades iranianas quando voltava da Armênia com os dois filhos que ficaram traumatizados (ela é iraniana-armeniana). Ela teve o passaporte confiscado junto com todo o material e o laptop. Posteriormente, ela foi convocada para uma delegacia de polícia em Karaj e o passaporte foi devolvido.

Em meados de dezembro 2013 a polícia secreta visitou a casa de Christina em Karaj e confiscaram seu computador portátil e materiais cristãos. Essa ação contra a família, mostra claramente a intenção de pressionar psicologicamente Behnam Irani.

Em 22 de fevereiro deste ano, ele foi autorizado a passar por uma cirurgia intestinal e a operação foi bem sucedida. Em Junho, Irani foi intimado a comparecer perante o chefe de um tribunal revolucionário em Karaj. A convocação foi irregular, e ele escreveu uma carta protestando contra a ordem. Em resposta, agentes de inteligência o espancaram na prisão e o levaram perante o diretor da prisão. Ele foi levado ao Tribunal Revolucionário e transferido para centro de detenção da província de Alborz. Durante esse tempo, foi interrogado por pelo menos por 20 horas e ameaçado de ter a duração da sentença prolongada se não renunciar suas atividades cristãs.

No dia 23 de junho deste ano, Irani foi devolvido à sua cela na prisão em Karaj.

Amin Khaki –  Cristão convertido do islã, 31 anos de idade 

Khaki, um diácono da igreja doméstica liderada por Behnam Irani e membro da denominação ‘Igreja do Irã’, foi preso pela primeira vez em 10 de maio de 2010, em Karaj. Foi acusado de atividade anti-governo e recebeu uma sentença suspensa de um ano (suspensa por cinco anos). Ele se encontra em um centro de detenção de Segurança Geral, em Shoush. 

Em 5 de março deste ano, Khaki foi preso e detido, juntamente com outros cristãos enquanto participavam de um piquenique. Informações apontam que os agentes de inteligência tinha mandados de prisão contra Khaki. Em 31 de março, Amin Khaki foi transferido para centro de detenção de segurança do Ministério da Inteligência, em Ahvaz. Entende-se que nenhuma acusação ainda foi apresentada.

Em maio de 2014, Khaki recebeu uma forte agressão e isso não foi feito em segredo. Essa ação é considerada parte da campanha de intimidação contra cristãos por parte das autoridades do Irã.

Seyed Abdolreza Ali Hagh Nejad – Cristão convertido do islã, 41 anos de idade. Casado e pai de uma filha.

Seyed Abdolreza Ali Hagh Nejad (Mattias Hagh Nejad), um líder da denominação “Igreja no Irã”, foi preso no último dia 5 de julho, às 8h30 da manhã, quando estava em sua casa em Bandar Anzali. Oficiais da Segurança invadiram sua casa e confiscaram todo o material cristão, incluindo as Bíblias. Ele ainda não foi condenado.

Em maio de 2011, Ali Hagh Nejad e um número de membros da denominação foram absolvidos das acusações, mas em agosto do mesmo ano ele voltou a ser preso, e no início de 2012 voltou a ser julgado sob as mesmas acusações juntamente com outras 11 pessoas. A audiência ocorreu em 8 de abril e, na ocasião, o juiz determinou, com base em absolvição anterior, que não havia nenhum caso contra eles. No entanto, em novembro de 2012 uma nova convocação foi emitida para a apreensão Ali Nejad (na ocasião estava fora do país).

Não ficou claro se esta convocação foi em conexão com as acusações anteriores, mas ele retornou ao Irã. Em 22 de agosto de 2013 houve uma nova audiência no tribunal em Rasht no qual ele enfrentou acusações (mais uma vez) de agir contra a segurança nacional. Neste mês de julho ele foi levado para cumprir a sentença.

 

Prisões em Shiraz:

Em 12 outubro de 2012, sete membros da Igreja foram presos em uma operação durante uma reunião de oração em Shiraz. Entre eles estavam Mohammad (Vahid) Roghangir, Suroush Saraie, Eskandar Rezaie, Bijan Haghighi e Mehdi Ameruni. Telefones e materiais cristãos foram confiscados, e no dia 18 de outubro associados deste grupo, incluindo Massoud Rezai, também estavam sendo presos após serem convocado pelas Autoridades. A maioria deles foi liberada sob fiança até dezembro de 2013. 

O julgamento começou em 10 de março de 2013 e em 16 de julho eles foram formalmente condenados a sentenças que variam de um à seis anos de prisão.

 

Perfil e sentença dos presos:

Preso: Mohammad (Vahid) Roghangir, solteiro de 37 anos. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de seis anos na prisão de Adel-Abad, em Shiraz.

Preso: Suroush Saraie, casado de 44 anos. Pai de duas crianças. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de dois anos e meio na prisão de Adel-Abad, em Shiraz.

 

Esperando a prisão:

Nome: Massoud Rezai, casado e pai de dois filhos, 52 anos. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de cinco anos. Ainda aguarda para cumprir sentença.

Nome: Mehdi Ameruni, casado, 35 anos. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de três anos. Ainda aguarda para cumprir sentença.

Nome: Seyed Bijan Farokhpour Haghigi, casado, pai de um filho deficiente, 42 anos. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de três anos. Ainda aguarda para cumprir sentença.

Nome: Eskandar Rezai, casado, pai de um filho, 38 anos. Cristão convertido do Islã, recebeu sentença de um ano. Ainda aguarda para cumprir sentença.

______________________________
Por: ANAJURE l Press Officer – Angélica Brito

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here